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sexta-feira, maio 26, 2006

Alto Paraíso de Goiás quer valorizar seu café orgânico

Conhecida como santuário goiano da ecologia, Alto Paraíso de Goiás (GO) desperta para o atrativo mercado dos cafés orgânicos, como forma de efetivar o desenvolvimento sustentável defendido pela maioria dos produtores rurais da região. Fruto de uma parceria entre a Prefeitura Municipal e a Embrapa Café, será realizado, nos dias 9 e 10 de maio, no Kahuna Café – Espaço Cultural Vila Lobos, o 1 º Encontro do Café. O evento visa orientar os produtores para a produção racional do café orgânico, descrevendo seus benefícios e o retorno econômico que pode advir com a valorização do produto certificado. Pesquisadores ligados ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) vão apresentar um apanhado de tecnologias voltadas à produção orgânica, desde a preparação das mudas de café ao desenvolvimento equilibrado das plantas, com a manutenção da qualidade no pós colheita. CAFÉ NATURALNão se trata de introduzir a cafeicultura numa área nova, mas sim fazer ressurgir os benefícios da atividade que deu origem ao primeiro povoado. O café já está espalhado há muito no cerrado goiano e em muitos sistemas agroflorestais de Alto Paraíso de Goiás, situado há 230 km de Brasília. O que falta é um direcionamento de mercado para que o café produzido naturalmente, e com bebida fina, seja certificado e valorizado, fortalecendo o sustento da agricultura familiar, característica da região. A produção atual nem mesmo é mensurada e atende apenas ao consumo doméstico. A parceria com a Embrapa Café vai embasar e orientar o crescimento sustentável da atividade. Para o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, a instituição orgulha-se por incentivar a tecnologia de produção sustentável e o desenvolvimento de uma região que preserva cafeeiros centenários. "Esses exemplares ainda poderão ser foco de estudo de promissoras pesquisas para o melhoramento genético do cafeeiro". INCENTIVO TURÍSTICODecretado pela Unesco como Reserva da Biosfera, o município é a porta de entrada do Parque Nacional da Chapada dos Viadeiros, que abriga o ecossistema do cerrado e está sob uma imensa placa de cristal de quartzo. Além disso, está situado no Paralelo 14, o mesmo que passa pela lendária cidade "Macchu Picchu", no Peru, atraindo a visita de esotéricos e místicos que dizem concentrar-se ali uma grande energia. Por conta da filosofia sustentável que norteia a maioria das propriedades rurais, aliado a condições propícias de clima ameno e elevada altitude, Alto Paraíso de Goiás concentra as características básicas para a produção de café orgânico. O próximo passo será dado rumo à certificação do produto, que poderá garantir maior retorno econômico às lavouras que já focalizam o lado social e ambiental da produção. Para o empresário José Antônio de Oliveira, do Kahuna Café, a qualidade é excelente para o preparo do café gourmet expresso. "Com a valorização do produto, os agricultores poderão vivenciar o desenvolvimento sustentável de fato", acredita. Hoje, a maioria dos produtores da região desconhece que o segmento de cafés diferenciados é cada vez mais procurado pelos consumidores que se preocupam com a rastreabilidade do produto e estão dispostos a pagar mais por isso. PROGRAMAÇÃO A abertura do evento contará com a explanação do prefeito municipal, Uiter Gomes de Araújo. Haverá a apresentação do produtor Ângelo Testa, da Reserva Ecológica Mata Funda, que também participa da ONG – Rede de Integração Verde, que incentiva o desenvolvimento sustentável. Na terça-feira (09), a programação inclui visita técnica à Reserva Mata Funda e Fazenda Volta da Serra. Destinado a produtores e interessados ao manejo do cafeeiro, o encontro será uma oportunidade de conhecer o depoimento técnico dos principais pesquisadores de café orgânico do país. Os pesquisadores da Epamig, uma das instituições que compõem o CBP&D/Café, Paulo César de Lima e Waldênia de Melo Moura, farão explanação sobre os sistemas orgânicos e agroecológicos de café, com ênfase no manejo do solo, desde a produção de mudas e características das cultivares. Os pesquisadores da Embrapa Café, Paulo César Afonso Júnior e Elza Jacqueline Leite Meireles irão focalizar a qualidade do produto, com o gerenciamento racional da colheita e pós-colheita. No final da programação, a pesquisadora Alba Chiesse da Silva abordará os efeitos do café na saúde humana. Cibele AguiarEmbrapa Caféc.aguiar@uol.com.br(19) 3295 8106

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